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Tratamento de canal escurece o dente?

Tratamento de canal escurece o dente?

Um dos grandes medos dos pacientes antes, durante e depois do tratamento de canal é se o dente vai escurecer.

Se essa é também a sua dúvida, leia esse post! Vamos explicar como funciona o tratamento e se o dente que passou por um tratamento de canal escurece.

Tratamento de canal não escurece os dentes

Que fique bem claro: não é o tratamento de canal em si que escurece os dentes. Na verdade, o que pode causar o escurecimento é a propagação de sangue da porção coronária da polpa para os túbulos dentinários nos casos de necrose pulpar.

Com essa propagação, chegamos a uma hemorragia pulpar. Ela pode ter causas distintas, tais como:

  • o processo de necrose dental, quando há a morte de todo sistema vascular e nervoso que garante a vitalidade dente.
  • o traumatismo
  • pulpectomia parcial

Alguns produtos originados da decomposição sanguínea liberam pigmentos ferrosos.

Quando esses elementos se combinam com a substância (sulfato de hidrogênio) formada por bactérias, origina o sulfeto de ferro, que possui a coloração preta-azulada.

Esta pigmentação penetra nos túbulos dentinários e, devido à translucidez do esmalte, é possível sua visualização na superfície externa do dente e assim ocorre o escurecimento dental.

Limpeza da câmara pulpar evita escurecimento dos dentes submetidos ao tratamento endodôntico

A limpeza adequada da câmara pulpar evita que os dentes que passaram pelo tratamento endodôntico escureçam. Esta limpeza deve ser feita com auxílio de curetas, brocas em baixa rotação e finalizada pela fricção de bolinhas de algodão umedecidas em álcool absoluto.

É preciso ficar atento ao momento do uso do álcool absoluto para limpar a câmara pulpar logo após o corte da obturação, este não deve ser feito sem antes remover o excesso de cimento obturador pode facilitar a pigmentação do dente.

Isso porque o álcool irá solubilizar o cimento obturador e com isto ele penetrará facilmente nos túbulos dentinários presentes na parede da câmara pulpar.

Dessa maneira, a limpeza da câmara pulpar com álcool deve ser realizada só quando a maioria do cimento foi removida com instrumentos (curetas ou brocas) ou mesmo com bolinha de algodão seca.

Uso do microscópio é importante para melhorar a limpeza da câmara pulpar

Ainda no que se refere ao tratamento endodôntico, a existência de pequenas porções do teto da câmara pulpar dificultarão a limpeza completa, tanto de restos necróticos da polpa dental como de restos de cimento obturador.

O microscópio clínico é uma ferramenta valiosa para melhorar o grau de limpeza da câmara pulpar.

A utilização do MTA (Agregado de Trióxido Mineral) de cor cinza em casos de perfurações, reabsorções cervicais e capeamento pulpar direto promove o escurecimento dental.

A fim de reduzir este inconveniente, foi lançado o MTA branco. Entretanto, alguns trabalhos relatam o escurecimento dental provocado também por este agente.

Como funciona a pigmentação dos dentes

Agora, vamos entender como funciona a pigmentação (cor) dos dentes.

Bom, as pigmentações dos dentes podem ser originadas por pigmentos formados dentro e fora do dente. Na maioria dos casos, os formados dentro do dente são obtidos principalmente do sangue.

Os pigmentos formados fora do dente podem ser de origem sistêmica:

  • Fatores ambientais ou genéticos;
  • Infecções terapêuticas com medicamentos (flúor e tetraciclina);
  • Deficiências nutricionais;
  • Desordens hematológicas (eritroblastose etalassemia);
  • Amelogênese imperfeita;
  • Displasias dentinárias;
  • Osteogênese imperfeita;
  • Porfiria congênita.

Esses pigmentos também podem ser originados do uso do tabaco, pois ele é um vilão no que se refere ao manchamento. Essas manchas nos dentes provenientes do cigarro resultam da deposição de alcatrão carbonizado na superfície dental.

Material restaurador pode ser um fator para deixar o dente mais escuro

Além de fatores de origem sistêmica e o uso do tabaco, há outro fator para mudar a pigmentação do dente: o material restaurador.

Na verdade, o tipo de material utilizado para restaurar o dente que passou pelo tratamento de canal pode ter influência direta no potencial de pigmentação dental. O uso de amálgama para restaurar o acesso palatino dos dentes anteriores não deve ser utilizado.

Dentes com polpa calcificada têm coloração mais amarelada

Os dentes com polpa calcificada apresentam uma coloração mais amarelada, inicialmente sutil, mas perceptível e mais intensa com o passar do tempo, chegando ao escurecimento severo.

A maior espessura dentinária e a forma desorganizada com que a dentina é depositada deixam o dente com uma tonalidade amarelada.

Várias substâncias químicas utilizadas como medicamento intracanal (paramonoclorofenol, formocresol, eugenol, creosoto e fenol) são corantes em seu estado natural ou quando combinadas com outras substâncias.

Cimentos endodônticos, como iodofórmio, prata precipitada e eugenol, devem ser evitados durante o tratamento endodôntico dos dentes anteriores.

Ao contrário do que muitos acreditam, a guta-percha (material utilizado para vedar os canais) não causa escurecimento dental pós tratamento endodôntico.

Restos de cimento obturador que não foram completamente retirados das paredes da câmara pulpar são a real causa.

Sendo assim, a altura do corte da obturação tem extrema importância na prevenção do escurecimento de dentes submetidos ao tratamento endodôntico.

Conclusão

Por fim, o tratamento de canal em si não é responsável pelo escurecimento de um dente. Outros fatores, como a calcificação da polpa, o tipo de material restaurador utilizado e o tabaco, são os culpados pelo escurecimento dos dentes.

O clareamento dental interno é uma alternativa nesses casos. Ele tem sido realizado há mais de um século com um alto índice de sucesso e apresenta algumas vantagens:

  • Conservação da estrutura dental, não havendo necessidade de desgastes como nos métodos restauradores;
  • A translucidez natural do dente é mantida e o dente geralmente retorna à sua coloração natural, similar aos dentes circunvizinhos;
  • É uma técnica de baixo custo operacional e que requer pouco tempo clínico para ser executada.

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